segunda-feira, 1 de setembro de 2008

DST/AIDS NO VALE DO AÇO


Moisés Correia disse que as ações preventivas pretendem estabilizar a contaminação da doença


Levantamento do DST-Aids de Ipatinga aponta 167 novos casos em 2007

Incidência na região aumenta 29,83%

IPATINGA – Cresceu o número de portadores do vírus HIV no Vale do Aço. A constatação é do levantamento feito pelo Programa Municipal DST-Aids, que registrou 560 casos da doença em 2007. Em Ipatinga, foram 340 confirmações. A estatística aponta um aumento de 29,83% da contaminação com o vírus em relação a 2006, quando foram notificados 393 casos na região. O diretor do Grupo de Apoio ao Soropositivo (Gasp), Moisés Correia, informou que a estimativa é que na região cerca de 5 mil pessoas estejam infectadas e não saibam. “No Vale do Aço, a cada três dias uma pessoa é contaminada e não sabe”, declarou em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO.
Apesar do aumento do número de casos, Moisés disse que as ações de prevenção buscam a estabilidade e não a diminuição dos casos. “Não diminui porque não tem como você mudar a cultura de uma pessoa e, por exemplo, ir na África do Sul e falar para não transar com crianças e sem camisinha. São vários fatores de âmbito cultural, social e religioso. O que dá para fazer é mostrar prevenção para manter o nível”, declarou. O diretor ressaltou que, a princípio, o número pode até parecer pequeno diante da população, mas a proliferação do vírus é rápida. “Em Ipatinga, onde temos pouco mais de 200 mil habitantes, ter 340 casos dá a entender que é pouco, mas não é. Se considerar que um portador pode contaminar de 15 a 30 pessoas, é muita coisa”, frisou.
Moisés falou que a maioria dos infectados é composta por mulheres. “Hoje, há a feminização da Aids, tanto que o Ministério da Saúde solicitou no ano passado a todos os programas e ONGs que lidam com esse público para trabalharem o enfrentamento da feminização. A meta é criar ações diretas para o grupo feminino”, detalhou. Ainda de acordo com Moisés, o aumento do número de mulheres infectadas deve-se ao maior acesso à informação além do fator biológico. “Biologicamente, a mulher tem 16 vezes mais chances de contaminação. Outra coisa que deve ser considerada é que há pouco tempo as mulheres começaram a fazer os exames. Além disso, quando fazem os pré-natais elas também descobrem a doença. Daí o aumento da incidência de casos”, pontuou.
Para fazer o levantamento, o Programa Municipal de DST-Aids registra dados dos pacientes como faixa etária e renda. Cerca de 60% dos doentes está na faixa etária de 25 a 35 anos. O diretor do Gasp explicou que geralmente o vírus é contraído na adolescência, mas só é descoberto a partir de 25 anos. “Provavelmente, as pessoas com 25 a 35 anos se contaminaram na adolescência. O que acontece é que apenas após dez anos o paciente descobre que tem Aids. Nesse período, o número de anticorpos diminui”, relatou.
ProjetosO Gasp completará onze anos de trabalho no próximo dia 17. A ONG visa o público soropositivo tendo em vista dois focos: prevenção e assistência. Atualmente, a entidade realiza dois projetos. Um deles é executado nas regiões de Mucuri e Diamantina, onde são ministradas palestras e oficinas. A iniciativa foi solicitada pelo Governo do Estado. Moisés contou que o retorno do projeto tem sido positivo.
“A proposta era atingir 150 pessoas nas palestras e chegamos a 500. Já nas oficinas tivemos o dobro de participantes em relação ao esperado, que era 150. Estamos desenvolvendo essa ação longe daqui porque esses lugares possuem um índice de contaminação alto e não podemos esquecer que as BRs que cortam essas cidades passam por Ipatinga”, explicou.
Na parte assistencial, o Gasp oferece cestas básicas para portadores com baixa renda, academia para combate ao acúmulo e perda de gordura provocado pelos medicamentos, além de assessoria jurídica e reuniões semanais.
Adolescentes Entre os projetos do Gasp previstos para o segundo semestre e início de 2009, dois foram aprovados pelo Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. As iniciativas serão feitas em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). O primeiro será voltado para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Nosso foco são aqueles que estão vendendo bala na rua e se prostituindo. Temos focos de adolescentes se travestindo e prostituindo em Ipatinga”. A outra proposta é formar agentes multiplicadores juvenis. Moisés informou que a idéia é que eles aprendam sobre sexualidade e DST. “Vamos levar isso de acordo com a linguagem deles, que vão repassar as informações às suas comunidades”, comentou.
A entidade executará ainda dois projetos aprovados pelo Estado. Um deles disponibilizará um advogado aos portadores que se sentirem lesados de alguma forma pelo fato de terem a doença. A outra proposta é a realização de um seminário sobre preconceito. Mais informações sobre o Gasp pelo telefone: 3822-4565.
Polliane Torres
http://www.diariodoaco.com.br/noticia.php?cdnoticia=12960

Um comentário:

Anônimo disse...

O Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde lança edital para apoiar financeiramente os eventos de ONGs em 2009. Procurem maiores informações no Ministério da Saúde.